Artigo: Da Natureza da Redoma e do Portal dos Nimbos

Foi provado pelos astrônomos que a redoma degenera em 'olhos', rombos em formato de gemas arredondadas com pontas que fazem ângulos agudos. A degeneração inicial cria um 'olho marinho', uma rombo profundamente azul-escuro (como o que se espalhou sobre os céus de Hevelius após o meteoro). O olho marinho é nada mais do que um agouro; ainda há Petra Alva - a matéria divina que forma a redoma - em quantidade suficiente para bloquear as investidas do aríete etérico. Entretanto, uma mácula maior da Palavra Divina pode romper mais Petra Alva e transformar o olho pálido para uma degeneração secundária.

A degeneração secundária e mais profunda cria um 'olho monstruoso', que se espalha como tinta e tem uma coloração avermelhada (como o atual sobre os céus do Belvedere farisiense). Geralmente ocupa uma área muito maior, transformando o céu de uma área inteira em um degradê gigante. Neste nível, tempestades elétricas e catástrofes já são um pouco mais freqüentes à medida que quantidades relativamente pequenas de éter são absorvidas pela redoma e jogadas para dentro em forma de eletricidade.

A degeneração terciária, o 'olho pálido', é raríssima. Muitas vezes a redoma atravessa rapidamente este estágio (que indica uma película muito fina) para um buraco completo, uma 'arrebentação', causando uma inundação elétrica e mudanças no clima em escala mundial, bem como um reavivamento da Conjuração. O fenômeno da arrebentação redômica foi registrado cinco vezes na história, quatro vezes em Longinus e uma única vez em Ivoire, mas estima-se que tenha acontecido muitas outras vezes desde a habitação da terceira civilização e inúmeras vezes durante o apogeu do Segundo Povo, os djins.

Toda arrebentação cria uma reação redômica rapidíssima que evoca Petra Alva de várias partes do mundo para preencher o rombo, muitas vezes arrancando maiores quantidades de Petra Alva das partes mais distantes do rombo.

Infelizmente, está praticamente fora do controle dos homens a natureza da Petra Alva e da formação da redoma. Supõe-se que todos os estágios da formação e cristalização da redoma sejam de natureza divina, incompreensível para a ciência dos homens. Houveram tentativas de produzir Petra Alva em Ivoire em 344 D.F. e novamente em 510 D.F., a primeira resultando em uma catástrofe terrível, e a segunda obtendo uma parcela pequena de sucesso, porém secando permanentemente a terra ivoreana, tornando-a infértil para muitos tipos de vida vegetal, como se alguma espécie de quinta-essência houvesse sido arrancada da terra no processo. Os limites periféricos atuais de Faris também incluem um pouco desta terra seca ivoreana.

Odenheim, há quase meio-século e por influência de investidores cedarianos, investiu milhões de rúpias em uma frota de capitanias que, estacionados próximos ao limite do mundo, puderam estudar um raríssimo olho pálido estacionado próximo à altura do mar, no perímetro sudeste de Natal. Foi descoberto que capitanias poderiam atravessar o local com relativa facildade durante algumas épocas do ano, quando o olho pálido pode ser alcançado com a cheia das marés. Um pequeno número de capitânias pôde passar, muito lentamente, pelo olho pálido, sem estourar a película, mas o trânsito foi suspenso desde 722 D.F. por motivos de segurança. Estima-se que, se houver uma tempestade elétrica entrando em altitude tão baixa, os raios etéricos possam congelar um raio contínuo no mar, afundando uma estalagmite de gelo de quilômetros e causando catástrofes marítimas em todas as cidades portuárias, seguidas por uma queda considerável do nível do mar.

Este portal, chamado Portal dos Nimbos pela permanente névoa d'água erguida ao redor dele e pela fraca visibilidade, através da fumaça, dos obeliscos de pedra que delimitam o olho pálido, está interditado há muito tempo inclusive com relação ao trânsito paralelo de barcos pelo Cinturão; viajantes devem abandonar o Cinturão antes de passar pelo Portal ou entrar nele após seu comprimento. Este decreto odeniano vem instigando alguns poucos conflitos diplomáticos ao longo da história, já que muitos navios se avariam no processo de sair do Cinturão e depois voltar a ele. Alguns espertos ancoraram grandes barcos-oficinas próximos ao Portal, prontos a ajudar e cobrar os olhos da cara de todos que sofrerem acidentes de percurso.

Mudando convenientemente de assunto, vale explicar a terminologia 'aríete etérico'. Existe uma força constante de pressão que o éter exerce sob a redoma (que é, segundo os astrônomos, o motivo pelo qual ela é mantida em forma vagamente semi-esférica). Entretanto, por vezes o éter se avoluma em uma espécie de turbilhão grosso como uma tora, e investe, como se fosse senciente, contra a redoma. O golpe, quando é forte o suficiente, pode até penetrá-la em estado intacto, mas penetra mais facilmente redomas degeneradas com níveis a partir do secundário. A este golpe se dá o nome de 'aríete etérico', um fenômeno relativamente comum durante alguns meses do ano.

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