Elemento: Mjolnir

O Mjolnir é um dos elementos mais famosos entre os aventureiros, que o carregam em estado líquido, dentro de orbes. Seu principal poder é explodir com força quando em contato com o ar acima de zero graus; quanto mais concentrado estiver o Mjolnir, mais fria é sua cor e mais poderoso é seu estouro. Em estado natural, o Mjolnir brilha numa cor verde nuclear; progressivamente, ele fica amarelo, depois laranja, depois vermelho, azul, e finalmente púrpura (a famosa Orbe Hexadetonadora ou "6D" é feita com este composto), onde alcança limites de estabilidade. Quando é concentrado além deste ponto, ele vai esbranquiçando, mas este é um procedimento perigoso.

Este elemento perigoso é retirado de dentro de pedras milenares em escavações cada vez mais profundas, e utilizam-se reatores para colocar os complexos de cavernas muito abaixo de zero graus. A força de uma picaretada ou uma fagulha pode ser o fim de um grupo de exploradores se a margem de segurança da temperatura não estiver bem calculada.

As rochas que contém Mjolnir são vendidas ao alquimista pela quantidade estimada de Mjolnir que haja lá dentro. São chamadas "conchas". O Mjolnir muitas vezes deve ser purificado a vácuo antes de usado, a não ser quando são compradas Conchas de grande qualidade.

Artigo: Os Lunomantes, ou Druidas

Há milênios, nascem em Natal pessoas em ressonância com a natureza e a realidade tecida por Maeve. Elas são o antônimo dos feiticeiros em personagem e em fé, que é profunda. Muitas delas vivem seus anos como gente comum, perseguindo suas próprias motivações, mas umas poucas descobrem que, se reverterem componentes da realidade a um estado que se assemelhe ao da criação original, podem evocar grandes poderes presos na natureza. Os longinanos chamam-os Lunomantes, e os farisienses os chamam Druidas.

Esta arte é um misto de inspiração, presságio e acidentes, realizada por todos que descobrem sua característica especial. O ato é chamado Desprendimento: idéias originais, o praticante altera o cenário (por exemplo, movendo uma rocha) e tenta o fazer se assemelhar à um Estado Original. O Desprendimento torna o lugar uma espécie de santuário, que é terra santa e impede qualquer feiticeiro de libertar seus poderes. Ao mesmo tempo, o santuário cria um influxo de energia sagrada que começa a restaurar a Redoma acima dele tão logo é criado. Por fim, o Desprendimento canaliza para o seu praticante uma reserva de poder pessoal semelhante à geomancia chamada Druidismo, que esconde grandes poderes de natureza divina.

Com a experiência, os Lunomantes descobrem que o estado original pode ser invocado enquanto for apenas visto, e aprendem a domar seus olhos e imaginação. Descobrem que espelhos, desenhos, ilusões e o clima influem no quanto o santuário pode se tornar poderoso, e passam a carregar todo tipo de aparato luminoso e espelhado. Tornam-se proficientes com luzes, fogos e efeitos especiais.

Os Lunomantes ou Druidas sempre existiram em número muito pequeno e sua fé indomável muitas vezes contrariam os altíssimos, tornando-os quase hereges. Quase todos acreditam seguir os desígnios da própria Deusa por mais ausente que ela possa parecer, 0 que o clero ortodoxo maevita considera uma pretensão e um sinal claro de desrespeito às palavras de St. Sharini. Houveram ao longo da história rebeliões de Druidas no coração de Faris que tiveram de ser enfrentadas pelos sacerdotes de Buriash eles mesmos, na tentativa de fundar um nova religião que prega um retorno à criação e uma extinção voluntária da raça huma, mas a maioria dos druidas não é radical.


Leitura: A Tragédia de Belruna

"Aconteceu conosco ao que víamos a ameaça se aproximar. Nossos irmãos mais velhos se foram, junto aos Dragões da República. Eles não podiam saber daquilo tudo e ficar ali esperando. Estavam prontos para deixar de ouvir-nos e seguir seus caminhos em direção à Face de Iblis.

As palavras de nossos pais não mais tocavam suas almas. Em um mundo em que tudo que aprendíamos ia ruindo sob a marcha ivoreana, tudo que era ensinado perdia o valor. E nós não os reconhecíamos - iam nossos irmãos com outros olhos, os olhos que não relutavam ou choravam. É pouco dizer que não voltaram. Eles desapareceram da história e de nossas vidas sem piedade, sem pensar que nos fariam tanta falta, como nos dias de hoje.

Antes de chegarem os ivoreanos, vieram pessoas do nosso povo mesmo pedindo abrigo, muitas delas. Oestrinos, montanheses, gente das fronteiras, não sabendo se queriam ficar ou continuar fugindo até os confins do mundo. Todos tinham as almas exaustas. Queriam parar, talvez para olhar Faris por uma última vez como era para ser. E nós continuamos ali, ajudando essas pessoas, muitas vezes as reabastecendo para que continuassem, Maeve sabe até aonde.

É até engraçado pensar assim. Essas histórias terríveis de guerras, nos contavam desde pequenos. Parecia uma coisa distante e inatingível no mundo como era, quem iria dizer que de repente um país ia começar a engolir o outro? Belruna, o lugar onde nascemos e morreríamos, ficava a norte do Poço das Botas, o velho Poço das Botas, perto dos rios que descem das montanhas que dividem Faris ao meio.

Belruna parecia eterna para nós. Aquelas árvores escuras sussurravam o frio à noite, quase uma bênção no meio de Faris onde tudo quase que sofre debaixo de Nila lá no alto. E se Ivoire é tão quente como dizem, talvez eles tivessem um motivo pra vir em cima da gente.

Engano meu.

NADA é motivo para o que aconteceu conosco.

Todo mundo lembra, mas ninguém gosta sequer de comentar. As crianças viram primeiro aquilo acontecendo. Era uma espécie de nuvem, mas não era branca nem estava no céu. Era uma nuvem da cor da terra tapando o horizonte, a vista das montanhas. Antes de ela chegar uma tempestade rasgou o céu destruindo nossos corações. Os raios cantaram para a areia chegar arrebentando as árvores e tudo que havíamos construído. Os ventos levaram embora as pedras e fizeram delas bordunas sobre nós.

Não podíamos gritar. A terra estava se revirando. O mundo estava saindo de baixo de nossos pés e ganhando os céus na maior tempestade de areia que os piores desertos do sul já teriam visto, em arrancos de vento vindos em nossa direção. E a floresta gritaria por nós, todas aquelas árvores arrancadas do chão e empapadas de areia, toda nossa sombra, todo nosso frio se esvaiu pelos ares naquele monstro terroso.

Não havia o que abandonar, não havia como contar os mortos. Os que não foram jogados longe se reuniram perto do que sobrou do poço e foram embora. Eu estava entre eles. Eu vi os olhos das mães e irmãos pousados no horizonte procurando uma silhueta. Eu vi elas olhando para trás, a alma aterrorizada mas o coração querendo morrer junto com aqueles que se perderam nos ventos.

Nunca esqueceríamos. Nunca seríamos os mesmos. Mas somos farisi. Nossa alma suporta e canta por fim. A caravana partiu com talvez trinta pessoas, para o leste sem-fim. Procuraríamos ajuda e algo que nos levasse a sorrir, ainda que sempre olhássemos na direção que achamos que deita-se nossa cidade perdida sob as areias.

Pouco se passou antes que percebêssemos que fomos muitos dentre os que perderam tudo para os ivoreanos, ainda que poucos tenham sucumbido sob areias como nós. Cruzamos com outras pessoas, com outras idéias, muitas queriam ganhar o oeste de volta, lutar. Nós queríamos viver, viver para poder esquecer aquela desgraça. Restavam-nos poucos de nós e éramos todos estranhos depois de tudo que aconteceu. Toda noite rezávamos pelo fim daquilo tudo e para reencontrar nossos entes. E Maeve cobriu os ouvidos - até hoje."