Artigo: Scheltopusik

Scheltopusik, Ophius apodos, são lagartos farisi alongados e sem pernas e constituídos de 70% de matéria geomântica, manifestando-se como se fosse vidro orgânico. Chamados Chinee em Cédara, são guardiões silenciosos dos desertos e cânions, seres reverentes que se alimentam de Latência e anseiam pela hora em que não poderão mais sobreviver, no momento em que o mundo estiver inteiramente puro. Eles podem levitar e voar livremente, e muitas vezes alcançam até 300 centímetros de comprimento.

Naturalmente solitários, os scheltopusik são extremamente inteligentes. A única coisa que pode fazê-los tornarem-se agressivos é a própria agressividade - um scheltopusik atacará e matará qualquer criatura que cometa atos de violência dentro de seu território numa fúria quase inconsciente. Ele sempre sabe quem atacou primeiro e quem iniciou o conflito. O scheltopusik mata atingindo o alvo com grande velocidade e o levantando aos ares ou o perfurando com o corpo. É capaz de invocar geomancias com potência absurda.

Alguns scheltopusik têm grandes asas musculares; outros têm barbatanas. Outros podem ter ainda outros adendos; não existe um scheltopusik igual ao outro, mas na velocidade em que se movem podem se tornar bastante parecidos para um observador casual. É comum vê-los em travessias grandes em Faris, mas a maioria das pessoas que acha que os vê está apenas olhando para alguma coisa se refletindo à luz de Nila.

Artigo: Merles

Merles, Hiero lennonsi, são pássaros das alturas que só existem em Cédara. Acostumados a grandes altitudes, preferem as áreas ao redor de Axúria e fazem seus ninhos em torres altas e nos campanários dos templos. Quando jovens, os merles variam em cor de cinza-chumbo a azul-claro, mas maduros, invariavelmente são negros, sendo muito raro o pássaro que conserve as cores da juventude.

Têm um conceito de família incomum entre os pássaros: quando os ovos racham, os irmãos voam para sempre juntos até atingirem a idade de acasalar. O irmão mais velho desenvolve um trinar grave sobre o qual os outros pássaros cantam em relações harmônicas. O resultado é uma música sutil e dissonante que é, para muitas pessoas, o espírito de Axúria. Os merles não gostam de Nila em seu pico, mas também não enxergam bem no escuro. Costumam sair de suas tocas nas horas que antecedem o crepúsculo e nas primeiras horas da noite. Nesta hora, a cidade toda se enche de sua música estranha e convidativa junto com a baixa-luz.

Artigo: Zaedi

Zaedi, Prio zaedi, são mamíferos pequeninos recobertos por conchas ósseas protetoras do tamanho aproximado de uma mão humana aberta. Grandes escavadores, têm o corpo inteiramente negro ou cor-de-terra com manchas negras; suas conchas normalmente têm cor de âmbar e mostram desenhos geométricos sempre simétricos, na maioria das vezes redondas, existem zaedi de concha em formato de delta e em formato aproximado de pentágono. Eles existem em números relativamente grandes em subterrâneos úmidos o suficiente. A maioria têm fugido de Faris nos últimos anos à medida que o reino torna-se demasiado seco para eles.

Os zaedi formam sociedades organizadas e alimentam-se de pequenos lagartos e insetos. Viajam sempre por baixo da terra fazendo uso de túneis, mas não têm problema em escalar paredes ou pendurar-se de cabeça para baixo nos tetos.

Sendo conjurações posteriores à Era, entendem pouco titani e têm muito medo dos humanos, quase nunca sendo abertos à conversação. Quando amedrontados, ameaçados ou encurralados, eles soltam gemidos e guinchos tristonhos e choram convulsivamente; quando estão em perigo de vida, podem morder ou pior - invocar geomancias presas em rochas que tenham eventualmente consumido, normalmente na forma de sopros de areia ou fogo.

Artigo: Manalis

O manali, Bos shan, é um mamífero de grande porte, curvado e com a cabeça ornada de chifres que habita as montanhas do Oeste de Faris. De cor branca e pêlo curto, é criado por caravanas e povos errantes como fonte de leite; ele também pode ser usado como apoio em expedições montanha acima e em travessias de regiões acidentadas, onde seu ritmo naturalmente lento consegue acompanhar celados e gente.

Naturalmente servis, os manalis são respeitados pelas civilizações humas desde o começo dos tempos. O costume de enfeitá-los com sinos, faixas e selas ornamentais sobrevive até os tempos difíceis de hoje, e eles são enterrados com respeito quando perecem, normalmente de causas naturais, ao alcançar aproximadamente 40 anos. O mugido do manali é um som quase musical e grave, semelhante a uma tuba, normalmente soltado em longos salvos contemplatórios.

O queijo feito do leite processado de manali se chama 'crupe' e tem um sabor adociado muito característico, muitas vezes servido com frutas e geléia. O leite em si é bastante nutritivo e era servido com chocolate nos tempos da Velha Faris, principalmente nas alturas das montanhas. Os manalis se alimentam de várias plantas, principalmente capim e alguns tipos de líquens que crescem na umidade. Criadores experientes de manalis sabem alimentá-los de maneira a otimizar as propriedades nutritivas e o sabor do seu leite.

Existe uma variedade de manali no sul de Odenheim chamada 'nepal', Bos grunniens, de cor escura e longos pêlos que alcançam o chão. Extremamente adaptados ao frio, estes manalis árticos fornecem, além do leite, todo o pêlo macio e denso que possuem em seus dorsos.

Artigo: Os Ventos Belvederinos

A imersão do Castelo Sagrado da Cerração no início do século ocasionou um choque de retorno grande o suficiente para definir uma degeneração terciária na redoma sobre o Belvedere. O esforço da ordem de Buriash com invocações de Cálciferes restaurou parte do olho, mas os tauroclasmas constantes trouxeram ventos áridos pela costa de Faris, mudando quase todo o seu cenário a olhos vistos. Ironia do destino, o maior estrago não fora feito por Ivoire, mas pela maldição do Cardeal Bram, um odeniano, tomado por Câncer.

Os ventos do norte, trazidos do Belvedere, são vermelhos e trazem suas areias; estes ventos são chamados pelo farisi, há mais de cinqüenta anos, de 'jugos', e pelos cedarianos do norte, de 'leveches'. Eles normalmente antecedem tempestades das mais terríveis, quando não tauroclasmas. Ambos os eventos estão completamente fora do controle dos adeptos de Buriash. Parte deles atinge as fronteiras internas de Faris de maneira surpreendente; a única área salva é a província de Alagos que recebe partes mínimas dos ventos vermelhos por cima do Alvo.

Os jugos alteraram completamente outrora ensolarada costa do continente, tornando-a um lugar rochoso e seco, principalmente nas maiores altitudes. Sangaria não tem florestas salvo as de Alagos; bosques secos em beiras de estrada são visões comuns, árvores que já receberam vários raios, carbonizadas como se tivessem esquecido de cair, cadáveres ocos olhando por sobre as terras secas com desdém.

As areias quentes trazidas pelos jugos calcinam o solo onde caem. Durante sua estada, os ivoreanos instalaram máquinas Centurion, construções subterrâneas com grades imensas na superfície da terra que projetam colunas de vento frio para cima afim de bloquear os jugos. Como tudo antigo e ivoreano, trata-se de tecnologia Matra. Enquanto bloqueam as areias, as enormes máquinas desprendem redoma com grande aceleração, contribuindo para o alargamento do olho monstruoso do Belvedere.

Artigo: Friar Frontale

O Eminente Friar Frontale, dos Reis Magos, é o maior administrador. Trabalha praticamente sozinho na Província de Xios, um conjunto de vilas a sul de Orai; independente de seus irmãos ele tem tido os melhores resultados tornando toda a população sob seu mando excepcionalmente educada e treinada. Iniciou seu mandado trazendo escolásticos expatriados de vários lugares e os pôs em posições de poder; trouxe professores e construiu centros de cultura. Hoje, mais da metade de sua população viaja para Cédara a trabalho e volta trazendo encomendas para o governo, em sua maioria carregamentos de produtos agrícolas.

Frontale teve uma curta carreira como dervixe e se tornou um feiticeiro ávido pouco depois do início das Guerras de Iblis, mas foi capturado pelos ivoreanos e mantido cativo por quase quinze anos. Foi o responsável por uma rebelião e fuga em massa de uma das masmorras mais profundas de Biblos num plano perfeito que levou mais de um ano para ser executado, e saiu de lá como um dos prisioneiros de guerra mais procurados em Ivoire.

Com um séquito de arruaceiros, intelectuais e pensadores, Frontale voltou a Faris e abrigou-se em Orai até o fim da guerra sob a proteção de Sanfrecce. Em troca, gerenciou números e administrou patrimônios com precisão, fazendo barganhas milionárias com mercantes cedarianos e salvando várias vezes o projeto de revolução da falência imediata.

Dos Reis Magos, Frontale é o mais educado, sendo um cavalgador hábil e vestindo-se impecavelmente, normalmente com cores escuras e uma peça qualquer de cor azul marinha, combinando com seus olhos. Atualmente, seu cabelo está ficando cada vez mais grisalho; ele lhe cai pelos ombros em grandes cachos e é unido em um rabo de cavalo. Apesar da relativa idade, ele tem invejável forma física e diz-se que é um combatente hábil com um bastão.

Artigo: Irissarri Albirex o Bradador

O Eminente Irissarri Albirex sempre foi louco - e hoje ele governa a província deserta e sujeita a tauroclasmas do Belvedere, e é responsável por todos os seus templos. Um homem desesperado enquanto lutou e foi preso várias vezes pelos ivoreanos, ele continua desesperado erguendo seu cajado sobre seu novo mundo árido e quebradiço.

Em vida (enquanto não entregou-se ao Belvedere), Irissarri já foi derrubador, teve sua bandana vermelha, tornou-se um feiticeiro, e aprendeu com longinianos retirantes o verdadeiro significado da destruição de uma vida. Lutou contra os ivoreanos e fez tudo em sua vida como se fosse seu último dia. Hoje, Irissarri mal consegue andar sem ajuda e parece completamente incapaz das magias destruidoras que um dia o caracterizaram. Na época que o encontraram, Irissarri era um redemoinho de devastação ambulante que precisava de orientação. Hoje, os reis magos o procuram para evocar a sabedoria contida no sofrimento de seus olhos.

Irissarri passa boa parte de seus dias completamente sozinho num palacete árido no Belvedere. Um círculo de sacerdotes de Buriash vêm a cada lua promover grandes invocações de cálciferes, que vêm aos milhares no lugar amaldiçoado. Com um feitiço Irissarri é capaz de movê-los; como um brilhor difuso eles conseguem erguê-lo ou erguer o trono inteiro. Contam os adeptos de Fantasos que o palacete inteiro já foi movido.

Como um administrador, Irissarri é praticamente um anarquista. Sob seu jugo estão algumas centenas de adeptos e iniciados em vários templos do Belvedere, como a Torre Secreta e os domínios de Andarta e Valvalis. A maioria dos templos funciona em autogestão; mesmo assim, algumas ordens partem do palacete por meio dos coronéis que patrulham o lugar. A única área que se manteve independente foi o Castelo Sagrado da Cerração, ainda que Calcedona esteja sendo lentamente reconstruída por viajantes.

Artigo: Kirke-Jan de Undine

O Eminente Kirke-Jan de Undine teve uma longa carreira como um feiticeiro caçado pelo oeste farisi durante os primeiros quarenta anos de sua vida. Um controlador talentoso do elemento dos ventos áridos, Undine ficou conhecido por suas várias investidas contra os ivoreanos antes de ser recrutado por Sanfrecce.

Caracterizado pelo permanente olhar de espanto e pelas marcas semelhantes a erosão em seu rosto, Kirke-Jan parece muito jovem para sua idade. Afora as estranhezas, ninguém daria a ele mais de vinte e cinco anos sendo que ele tem mais de sessenta. Diferente da maioria dos feiticeiros, Kirke-Jan vibra com vitalidade e poder, e conhece quase todas as técnicas de luta dervixe. Possui duas cimitarras invejáveis com gumes azuis brilhantes, parcialmente feitas de vidro alquímico e com guardas de bronze polidas. Ele sempre as leva mas nunca foi visto lutando com elas.

Do ponto de vista da redenção, Kirke-Jan foi o mais ausente. Nunca afirmou ou confirmou nada acerca de ter sido um feiticeiro e parece não se envergonhar disso. Como um líder é apático, deixando basicamente Alagos inteira correr como está. Passa dias em meditação quando não está completamente desaparecido. Como qualquer um que some, diz-se que ele está procurando Meredith em Alagos; de fato, ao contrário do esperado, sua população é provavelmente a mais despreocupada de Sangaria. Muitos heróis e damdari vivem nesta região, mas passam boa parte do tempo fora cumprindo demandas ou objetivos pessoais. Suas famílias são em boa parte sustentadas por seus lucros e não têm quase dependência externa, mantendo férteis plantações aquáticas de hortaliças e ervas.

Por vezes, Ventforet vem a Alagos visitar Kirke e o cumprimenta pelo bom trabalho em Alagos. Ele não assume e nem nega que não faz absolutamente nada. Costuma ter palavras de paz e calma para Ventforet; nestas ocasiões são promovidas festividades ao ar livre perto das florestas refletidas nas águas, e os dois discutem abertamente para quem quiser ouvir. Uma espécie de democracia acontece nestas horas à medida que quem quiser gritar uma sugestão certamente será ouvido.

Artigo: Gray Rel Ventforet

O Eminente Gray Rel Ventforet chegou jovem a Orai depois te ter perdido quase toda a família num jogo de interesses entre nobres cedarianos. Frente à guerra, entregou sua alma à feitiçaria e descobriu um talento ávido e selvagem em suas veias, se tornando um herói.

De ascendência cahuilla e cedariana, ele tem cabelos cinzentos volumosos cacheados e pele escura, como se fosse a casca de uma árvore. É divinamente alto e sua fala é naturalmente empostada, ele não consegue dizer uma palavra sem fazer com que todos a ouçam; poderia conversar normalmente com uma pessoa a dez metros de distância. É um grande conhecedor de história, línguas e teologia, e dono de um carisma selvagem e fortíssimo. Consome informação esotérica diariamente e usa vários patoás cahuilla com as bênçãos dos altíssimos de Agustine, além de uma faixa trançada verde e gris por sobre o ombro, larga e completamente bordada em fios grossos, como símbolo de sua autoridade.

Há alguns anos admitiu publicamente ter praticado a feitiçaria mas colocou claro que sua prática pertencia ao passado e a tempos de necessidade.

É surpreendentemente amável com seus súditos e honrado em sua palavra, ainda que completamente inflexível. A competição, sobretudo com os outros Reis Magos, lhe desperta uma avidez de progresso que o faz o maior líder de Sangaria. Como o embaixador de seu Protetorado, Ventforet usa uma túnica trançada vermelha simples e botas ferradas de manufatura cahuilla, com plataformas que relçam seu tamanho gigantesco: seu rosto e cabelos pouco comuns o destacam da multidão.

Da primeira vez que voltou a Cédara desde sua infância, Ventforet foi o causador de um escândalo ao agarrar e ameaçar de morte Felippo de Agnesa, um grande mercador que se recusou a enviar soja para Sangaria temendo a ação de bandoleiros farisi. Ventforet pediu desculpas publicamente, mas quem presenciou sua cena poderia jurar que Ventforet, vermelho e de olhos lívidos, era um monstro em desespero, não um huma. Felippo acabou por mandar os carregamentos que chegaram intactos a Sangaria para suprir o país depois de uma péssima colheita e foram pagos rigorosamente na data marcada. Desde então, Ventforet adquiriu uma reputação de confiança, mas ninguém mais negocia com ele pessoalmente, um desastre do ponto de vista diplomático.

Gray de Ventforet passa a maior parte de seu tempo recebendo as pessoas na antiga abadia de Vestania e ouvindo seus problemas. Qualquer pessoa que enfrente a subida de cento e sessenta degraus para a sede será ouvida, queira falar de um ente morto ou de um problema da população, e ninguém vai embora sem ouvir palavras ponderadas de Ventforet. Não há uma pessoa na costa de Orel que não tenha ido pelo menos uma vez visitar o Rei Mago, e todos que voltam são tratados pelo nome por Ventforet. Muitas pessoas sobem em grupos, os excedentes somente para ouvir a sabedoria do meio-cahuilla e sua singela bênção de "Maeve sobre vós".

Artigo: A Iniciativa Branca e o Protetorado de Sangaria

A morte de Lemminkainen, o Imortal (672 D.F. - 701 D.F.) e o genocídio de Céus Partidos marcou o início de um movimento reacionário explosivo dos dervixes, a Iniciativa Branca, que hoje se sabe ter feito residência na Abadia de Vestania, um santuário que suportou intocado as Guerras de Iblis. Espelhando-se na revolta vitoriosa da Décima Quinta odeniana, a Iniciativa Branca foi o mais próximo que Faris teve de heróis de guerra.

Construída por povos andantes em aproximadamente 600 A.F., Vestania foi lar de uma civilização hoje perdida que se extinguiu poucos anos antes da chegada da Santa Comitiva a Nelbiand. À pequena costa de montes escarpados elevando-se à beira do mar foi dado o nome de Costa de Orai. Esta ainda conserva-se quase completamente tomada pelas pequenas casas de pedra daquele tempo, e também a torre da abadia de Vestania ainda olha altaneira por sobre o Alvo. Com várias aberturas para artilharia, pode-se supor que o povo de Orai teria tradições guerreiras e algum entendimento bélico; fósseis de armas Matra eram encontradas quase anualmente em escavações financiadas por intelectuais belgradianos.

Até hoje não se sabe o fim que tomou o povo de Orai. Nunca foram encontrados indícios de batalhas reais. Conta-se uma lenda sobre Buriash tê-los banido do mundo por serem parte de uma proto-raça que estava condenada a habitar o passado para sempre. Em 566 D.F., Vestania foi tomada pelos dervixes calcedonianos como um posto avançado e algumas exigências, sabotagens, e dois conselhos em Belgrade e Glenária tornaram a área da Costa de Orai e suas circunvizinhanças propriedade dos dervixes, onde eles teriam direito absoluto, respondendo apenas à totalidade do Conselho. Não que tivessem de fato usado estes direitos. Após a concessão, Vestania continuou sendo, como sempre, um lugar de passagem, até cento e vinte e um anos depois.

Em 687 D.F., os ivoreanos vieram sobre Faris como uma sombra comprida, e Vestania, subitamente erguida com uma população de dervixe e civis liderados por eles, os recebeu no limite de suas forças, após atravessarem e lutarem com Faris inteira. O braço de Iblis não os atingira, e os cruzadores hevelianos, os únicos navios capazes de atravessar por sobre as minas aquáticas despejadas por Dário Meredith nos seus primeiros anos, estavam ocupados com o ataque à Capela no Monte Vigílio. A independência negociada pelos dervixes serviu para manter aquele povo na defesa de Vestania e impediu que eles se juntassem à pífia resistência que avançou contra o Planalto de Lorena em 692 D.F. junto com as Brigadas Diplomáticas de Oden. Este avanço caracterizaram como uma traição potencial odeniana, mesmo tendo participado dela Investigadores Reais, na época cadetes, como Mikalis Musa.

A vitória arrasadora dos ivoreanos e a instituição da União do Mar Alvo tomaram a costa leste inteira somente em documentos oficiais. A batalha se tornou ainda mais violenta quando Sanfrecce de Orai, um dervixe bandana-branca, tomou a dianteira no comando da Iniciativa Branca, uma organização para-militar constituída primariamente de dervixes e civis farisienses. Nos seus quase quatro anos de duração, a Iniciativa Branca atormentou o ministério ivoreano com ataques suicidas, feitiçaria, táticas de guerrilha e espionagem.

De 705 D.F. ao armistício de Biblos promovido por Dário Meredith, Sanfrecce ampliou pouco a pouco os domínios dos dervixes e liderou um ataque desastroso à Frontauria, cujas baixas foram incontáveis para os dervixes. Enquanto todos pensavam que os dervixes haviam saído completamente de circulação com a queda de Calcedona, eles agiam secretamente e coletavam tesouros dos povos costeiros prometendo a devolução da vida antiga quando os ivoreanos finalmente fossem expulsos das terras farisi. Viajando por terra, negociaram armas com os cedarianos e militarizaram populações embaixo dos narizes dos ivoreanos. Centenas de pessoas trocaram a noite pelo dia no processo secreto mais extravagante da história de Natal.

Poucos dias depois do Armistício, Sanfrecce foi emboscado e linchado por soldados ivoreanos retirantes. Levaram adiante seu plano quatro de seus seguidores: Ventforet, Frontale, Undine e Albirex, que ele chamava "Reis Magos". Não obstante, eram mais feiticeiros do que dervixes, responsáveis por boa parte do terror nos olhos dos ivoreanos.

Em 748 D.F., foi fundado o Protetorado de Sangaria - inicialmente às escuras, mas tornado público nas primeiras luas de 752 D.F. como uma nova pátria independente de Faris. O estado lastimável em que se encontrava o resto do país fez com que o brado de uma nova nação promissora ecoasse e tivesse como resposta imediata o silêncio, mas alguns anos depois, grandes caravanas começaram a chegar ouvindo as promessas do leste. Para o desencanto dos farisi, Sangaria estava fechada, talvez para sempre. Os que não quiseram ouvir foram repelidos com violência por uma nova ordem dervixe dedicada à proteção de Sangaria, os Coronéis.

O território de Sangaria hoje compreende uma faixa estreita da costa leste de Faris, desde o início do Belvedere até Alagos, mantendo o que podem se chamar de postos avançados nas proximidades de Glenária, onde confrontam com as autoridades de Velha Faris, corrompidas e desgastadas pelos ivoreanos. Sua capital mudou de lugar três vezes por causa de conflitos entre os Reis Magos, mas voltou a ser Vestania reafirmando a soberania de Ventforet de Orai. Cabem aos outros Reis Magos as províncias de Alagos (Undine), Xios (Frontale) e Belvedere (Irissarri) num regime semi-ditatorial.

O povo de Sangaria lamenta profundamente não poder dividir o que tem com o resto de Faris. Para todos, as portas do paraíso estão fechadas.