Leitura: A Que o Fim se Assemelha

A maioria das pessoas prefere luz quando está para transpor o universo físico. Janelas abertas, lâmpadas acesas, lanternas, velas, luz. O instante em que a pessoa abandona seu corpo é certamente de glória, apesar de não mais estar disponível fisicamente para as pessoas amadas. Existem preces ditas desde Biblos até Veruna, preces e cantos universais que pedem a Maeve um futuro brilhante para a alma e um consolo para a tristeza do abandono dela. A que o fim se assemelha para quem está morrendo, ninguém pode dizer, mas todos poderão, um dia. Os rituais de morte são presididos por um adepto: todos os altíssimos têm suas liturgias para o encaminhamento dos mortos. Está nos tomos que uma pessoa que morra sem um ritual em sua honra pode ter sua alma extraviada no caminho para o encontro com Maeve, e permanecer por séculos procurando-a sem a encontrar, não tendo a guia firme de um altíssimo.

Estudos e revelações de sacerdotes eminentes revelam que as almas abandonam Natal como aves que migram para outra existência, se juntando a grandes fluxos eternos, caminhos cravados na eternidade. Sobre os Desencantados, ou Crianças da Noite, pouco se sabe, a não ser o fato que seus espíritos não sobrevivem, sem bênçãos e sem futuro. Acredita-se que no nascimento, o condão de um altíssimo faz uma blindagem para a alma para sempre, e uma alma sem esta divina proteção encerra-se quando perde sua única e última casa, o corpo.

Eu procuro um porto...

Agora ando solitário, tendo o pensamento de Viola por companhia, mas um infinito em ressaca marítima. Estas estradas não têm fim e parecem ter sido feitas por gente que viaja pelo prazer de viajar, são voltas e mais voltas em torno dessas árvores gigantescas. Começa a nevar e eu não encontro uma única estalagem onde possa repousar meus ossos. Estou sem provisões, sem montaria, sem barracas, sem direção e sem perspectiva. Caberá a mim cair desfalecido no meio da estrada?

Artigo: Vindo ao Mundo

Um dos segredos mais universais e bem-guardados do mundo é referente às condições que as crianças nascem. Só suas próprias mães e seletos adeptos sabem o procedimento exato. Eu obviamente sei como a mulher huma dá a luz, mas o mistério está no seguinte. Quando a criança está para nascer (a mãe sente isso), os pais viajam para um templo e os adeptos recebem a mulher e a levam para uma área interna onde o trabalho é feito. O pai não pode assistir o parto, nem ninguém mais. Cabe a ele ficar do lado de fora do templo, esperando (em Cédara, tradicionalmente, bebendo vinho). Muitos templos têm berçários para tratar dos nenéns que precisem de alguma coisa mais após nascerem. Existe alguma bênção especial concedida à criança, cujas palavras eu também desconheço. É incrível que um segredo executado tantas vezes há tanto tempo ainda não seja de conhecimento de todos. Acredito que haja algum efeito milagroso sobre a mãe que a impede de lembrar e falar do que aconteceu.

Nem os próprios adeptos, internos do templo, sabem exatamente o que se passa. Muitas vezes sobra para eles cuidar de uma criança ou outra, mas universalmente, o processo de nascimento é secretíssimo, ponto.

Pois são doces mistérios da vida.