Artigo: A Iniciativa Branca e o Protetorado de Sangaria

A morte de Lemminkainen, o Imortal (672 D.F. - 701 D.F.) e o genocídio de Céus Partidos marcou o início de um movimento reacionário explosivo dos dervixes, a Iniciativa Branca, que hoje se sabe ter feito residência na Abadia de Vestania, um santuário que suportou intocado as Guerras de Iblis. Espelhando-se na revolta vitoriosa da Décima Quinta odeniana, a Iniciativa Branca foi o mais próximo que Faris teve de heróis de guerra.

Construída por povos andantes em aproximadamente 600 A.F., Vestania foi lar de uma civilização hoje perdida que se extinguiu poucos anos antes da chegada da Santa Comitiva a Nelbiand. À pequena costa de montes escarpados elevando-se à beira do mar foi dado o nome de Costa de Orai. Esta ainda conserva-se quase completamente tomada pelas pequenas casas de pedra daquele tempo, e também a torre da abadia de Vestania ainda olha altaneira por sobre o Alvo. Com várias aberturas para artilharia, pode-se supor que o povo de Orai teria tradições guerreiras e algum entendimento bélico; fósseis de armas Matra eram encontradas quase anualmente em escavações financiadas por intelectuais belgradianos.

Até hoje não se sabe o fim que tomou o povo de Orai. Nunca foram encontrados indícios de batalhas reais. Conta-se uma lenda sobre Buriash tê-los banido do mundo por serem parte de uma proto-raça que estava condenada a habitar o passado para sempre. Em 566 D.F., Vestania foi tomada pelos dervixes calcedonianos como um posto avançado e algumas exigências, sabotagens, e dois conselhos em Belgrade e Glenária tornaram a área da Costa de Orai e suas circunvizinhanças propriedade dos dervixes, onde eles teriam direito absoluto, respondendo apenas à totalidade do Conselho. Não que tivessem de fato usado estes direitos. Após a concessão, Vestania continuou sendo, como sempre, um lugar de passagem, até cento e vinte e um anos depois.

Em 687 D.F., os ivoreanos vieram sobre Faris como uma sombra comprida, e Vestania, subitamente erguida com uma população de dervixe e civis liderados por eles, os recebeu no limite de suas forças, após atravessarem e lutarem com Faris inteira. O braço de Iblis não os atingira, e os cruzadores hevelianos, os únicos navios capazes de atravessar por sobre as minas aquáticas despejadas por Dário Meredith nos seus primeiros anos, estavam ocupados com o ataque à Capela no Monte Vigílio. A independência negociada pelos dervixes serviu para manter aquele povo na defesa de Vestania e impediu que eles se juntassem à pífia resistência que avançou contra o Planalto de Lorena em 692 D.F. junto com as Brigadas Diplomáticas de Oden. Este avanço caracterizaram como uma traição potencial odeniana, mesmo tendo participado dela Investigadores Reais, na época cadetes, como Mikalis Musa.

A vitória arrasadora dos ivoreanos e a instituição da União do Mar Alvo tomaram a costa leste inteira somente em documentos oficiais. A batalha se tornou ainda mais violenta quando Sanfrecce de Orai, um dervixe bandana-branca, tomou a dianteira no comando da Iniciativa Branca, uma organização para-militar constituída primariamente de dervixes e civis farisienses. Nos seus quase quatro anos de duração, a Iniciativa Branca atormentou o ministério ivoreano com ataques suicidas, feitiçaria, táticas de guerrilha e espionagem.

De 705 D.F. ao armistício de Biblos promovido por Dário Meredith, Sanfrecce ampliou pouco a pouco os domínios dos dervixes e liderou um ataque desastroso à Frontauria, cujas baixas foram incontáveis para os dervixes. Enquanto todos pensavam que os dervixes haviam saído completamente de circulação com a queda de Calcedona, eles agiam secretamente e coletavam tesouros dos povos costeiros prometendo a devolução da vida antiga quando os ivoreanos finalmente fossem expulsos das terras farisi. Viajando por terra, negociaram armas com os cedarianos e militarizaram populações embaixo dos narizes dos ivoreanos. Centenas de pessoas trocaram a noite pelo dia no processo secreto mais extravagante da história de Natal.

Poucos dias depois do Armistício, Sanfrecce foi emboscado e linchado por soldados ivoreanos retirantes. Levaram adiante seu plano quatro de seus seguidores: Ventforet, Frontale, Undine e Albirex, que ele chamava "Reis Magos". Não obstante, eram mais feiticeiros do que dervixes, responsáveis por boa parte do terror nos olhos dos ivoreanos.

Em 748 D.F., foi fundado o Protetorado de Sangaria - inicialmente às escuras, mas tornado público nas primeiras luas de 752 D.F. como uma nova pátria independente de Faris. O estado lastimável em que se encontrava o resto do país fez com que o brado de uma nova nação promissora ecoasse e tivesse como resposta imediata o silêncio, mas alguns anos depois, grandes caravanas começaram a chegar ouvindo as promessas do leste. Para o desencanto dos farisi, Sangaria estava fechada, talvez para sempre. Os que não quiseram ouvir foram repelidos com violência por uma nova ordem dervixe dedicada à proteção de Sangaria, os Coronéis.

O território de Sangaria hoje compreende uma faixa estreita da costa leste de Faris, desde o início do Belvedere até Alagos, mantendo o que podem se chamar de postos avançados nas proximidades de Glenária, onde confrontam com as autoridades de Velha Faris, corrompidas e desgastadas pelos ivoreanos. Sua capital mudou de lugar três vezes por causa de conflitos entre os Reis Magos, mas voltou a ser Vestania reafirmando a soberania de Ventforet de Orai. Cabem aos outros Reis Magos as províncias de Alagos (Undine), Xios (Frontale) e Belvedere (Irissarri) num regime semi-ditatorial.

O povo de Sangaria lamenta profundamente não poder dividir o que tem com o resto de Faris. Para todos, as portas do paraíso estão fechadas.