Artigo: Faris, Antes e Agora

Faris nunca foi uma. Existe uma pluralidade em seus vastos contornos que não há em lugar algum dentro de Primaterra. Foi por isso que Cédara e Sangária se destacaram; foi por isso que fora atacada, devastada, pisoteada pelos ivoreanos. A mente da ortodoxia maevita sediada em Céus Partidos não tinha alcance sobre os distantes membros em Alagos, Altarian, Hevelius e a cidade secular de Glenária - por isso tudo foi perdido. Para piorar, perdido sob o fogo argênteo de Iblis, amaldiçoando as terras e pondo todos a vaguear atrás de um lugar fértil para viver.

A necessidade teria feito os farisi donos da república mais poderosa de Primaterra - mas eles nunca necessitaram de nada. A falta de organização central os fizera não prever riscos e não contar com uma preparação para casos como o que houve. A fertilidade e tranqüilidade de seu clima os fez relapsos e vulneráveis aos países que precisaram de mais e se desenvolveram mais. E quando a profecia estourou sobre suas cabeças não houve tempo senão para os Dragões da República interpomrem-se entre as pessoas e os tiros e morrerem inutilmente no meio do fogo.

Tenho para mim que casos como Gartcross não tardarão a se repetir, e nem sempre fracassarão. A Iniciativa Branca legou a Primaterra mais um reino, e Faris pode se partir uma terceira vez a qualquer momento. Não faltam sonhadores.

Enquanto os céus forem inclementes, no entanto, todos os outros reinos estão ocupados demais em esfriar de tudo que aconteceu nas guerras deste século. Ivoire que precisa se reconstruir, Longinus que finalmente livrou-se das espadas, Cédara que as usou pela primeira vez, Sangária que se formou das cinzas, Odenheim que devorou seus inimigos e Rublo que jaz abandonada e morrendo tão pouco após se tornar independente.

Esta época de caravanas vai legar esta noção aos farisi. Faris corre como um trem em meio a muitos garudas.

Artigo: Odenheim, Antes e Agora

Procurando um ponto de partida para uma pequena história de nosso reino, eu encontro uma eternidade constante e brilhante onde acredito que os odenianos viveram um sonho virtuoso de uma pátria que não agredia e não era agredida, inocente e fechada, de realizações, heróis e contos, folclórico ouro da antiga Odenheim.

A pátria-mãe nunca esteve melhor. O coração da cidade se perde em meio a uma vertigem cinza e negra, existem estátuas de Altíssimos cobertas de fuligem e sombras de treliça metálica até aonde a vista alcança, talvez além das escuras nuvens, montanhas de trilhos, o Palácio Oceânico repousando ao meio do caos em um lugar onde a nobreza se deve apenas ao céu livre e à liberdade dos pássaros de subir eternamente sem nada atingir. Opulência tirada da agora vida melhor de ao menos vinte mil caliburanos aos quais foi oferecida uma oportunidade de abandonar o paraíso branco e selvagem onde viviam para uma vida curta, segura e trabalhosa em um lugar artificialmente frio.

Ifalna Palas morreria. Exilaria-se, faria algo covarde, entenderia que chegou a um ponto sem retorno, além de suas mãos, além de sua fuga. No meio dos gigantes de aço circulam os restituídos Elmos Escarlates e suas espadas de cerâmica, feitos pequenos, poderiam ser vistos de longe como pequenas lâminas brilhantes aos pés das construções prontas a intimidar, matar, retalhar dissindências.

Meredith deve ter desaparecido em favor de se tornar onipresente nestas paredes, neste metal, nestas nuvens, na eletricidade, todos sentem a sua presença, a presença de sua voz que calmamente poderia ditar morte ou vitória com a mesma exaltação. A presença do fruto do conflito e da vitória e do remorso e de tudo que se ganha com uma guerra suja e desleal.

Odenianos feitos mais ricos, solares no centro do país, comprando novas terras, Lodis está se tornando uma terra de lordes e grandes empresários e suas turbas, caliburanos e odenianos pobres, os que ficam para conduzir os negócios. Os outros podem viajar, para lugares mais verdes e calmos, desde que o coração negro continue batendo. Mesmo os homens mais simples podem ter vários celados e felpi a seu serviço, comprar armas, revólveres, escudos de armas de metal, colecionar espadas, investir.

Chamam-na Era Meridiana de Odenheim. Este nome me aperta o coração. Tem vários significados - aponta o Duque Negro e o ponto de ruptura do antigo espírito e do novo espírito.

Para o povo odeniano... eu espero que sintam muita culpa. Que estejam sendo prazeres caros a seus espíritos. Que esperem sinceramente que um dia a grande festa termine e todos voltem a pensar como era antes. Que deixem de se permitir.