Artigo: A Acácia Branca de Rublo

Existe uma espécie de árvore predominante nesse lugar. Ela se chama acácia branca, canan ou longas-folhas, como é conhecida em Cédara. É uma árvore alta e espinhenta que dá as flores mais brancas que eu já vi. Contra a neve, a flor ganha por pouco na brancura por mais incrível que isso possa parecer. Dentro das flores há uma espécie de suco transparente e grosso, dulcíssimo e semelhante em gosto à baunilha, que pode ser tomado com leite ou usado em concoções alquímicas para deixá-las tragáveis. Se não crescessem também em Cédara, os alquimistas de lá estariam falidos porque ninguém conseguiria beber aquelas químicas brabas sem botar tudo pra fora depois.

Costumava andar de bicicleta entre essas árvores. Hoje eu vejo que eu corria um belo risco de bater nas raízes e me estoporar no chão. Quando se é jovem, parece que alguns problemas simplesmente não existem. Hoje em dia eu não conseguiria sequer me equilibrar numa bicicleta... quando era jovem, eu andava de bicicleta, brigava e esgrimia, tudo muito bem. E pensar que me tornei o que me tornei, um senhor grande e sorridente devotado aos meus escritos.

Hoje, Viola colheu algumas destas flores e as secou para fazer uma guirlanda como as que se fazem em Faris, o país dela. Andou até bem longe de nosso assentamento, parecendo prestar uma homenagem ao ex-marido, talvez a última delas. Desconfio que Viola olha para mim enquanto medito e escrevo minhas memórias. Este velho senhor ainda tem seu encanto!

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