Artigo: Celados

O celado ou "dragão-de-sela", Destrier trachea, é o principal animal de transporte de Natal, competindo apenas em Odenheim com os felpi. Trata-se de uma espécie dracontina bípede, com o corpo alongado e duas garras frontais, com uma crista curta e cor verde-pálida e caudas muito longas apontadas para o alto, que terminam numa abertura semelhante a uma arraia fina e escura, usada para equilíbrio. Como uma espécie, eles são relativamente recentes, provavelmente não tendo vivido a Segunda Era, ou pelo menos não tendo combatido os djins.

O Destrier trachea é inteligente, ainda que tímido. Servem aos humas com lealdade e disposição, e muitas vezes os compreendem melhor do que eles mesmos. Aprendem rapidamente muitas palavras em alvalli, mas mesmo em titani, a comunicação com é fácil apesar de eles nunca responderem com palavras, sempre com ações. Tendem-se a se sentir intimidados quando abordados desta maneira e são muito evasivos.

Os celados não são usados em Longinus porque têm uma espécie de pavor ancestral e estranho dos reptantes, entrando imediatamente em pânico à mera visão de um. Em Odenheim, precisam ser equipados com aquecedores dorsais, cobertores térmicos cheios de água que devem ser aquecidos periodicamente para manter o celado confortável. Eles começaram a ser trazidos para Ayanan no segundo século depois da fundação, mas não suportam naturalmente os climas mais frios por causa de sua natureza reptiliana.

Estes aquecedores são montados sobre as costas dos celados e têm uma sela encaixada. Prolongam-se para as costelas do animal e cobrem seu peito como um colete, tendo um espaço para um escudo relativamente pequeno de metal ser afixado. Seus tubos de água são aquecidos com fogo, mas modelos antigos Matra e aquecedores elétricos existem, apesar de não serem muito confiáveis.

A maioria dos celados que nascem hoje em dia são de famílas de celados citadinos, mas alguns ainda se criam soltos em áreas amplas. São preferencialmente ovíparos, mas adeqüam-se bem a rações nutritivas produzidas nas cidades. Muitas vezes, celados selvagens cansam-se de lutar pela sobrevivência e vêm às cidades procurar trabalho.

Entre os humas, não existe o conceito de posse para com um celado. Qualquer celado que seja encontrado no meio do caminho e não esteja esperando alguém em especial concordará em levar um huma para qualquer lugar enquanto for alimentado e bem-tratado. Eles entendem bem quando estão sob o serviço de alguém, e mantém-se prontos para encontrar seus empregadores em outros lugares se isto for necessário.

Para um celado, melhor do que ter sempre alguém para levar é ser afiliado a uma baia. Baias existem na maioria das grandes cidades e são grandes postos onde se paga para levar um celado. Lá eles são educados para trotar confortavelmente, são bem-alimentados, recebem tratamento especial e se preparam para enfrentar jornadas maiores do que os celados normais. Após concluir o trabalho, o celado retorna para sua baia. O senso de direção deles, principalmente para voltar para "casa", é ótimo, mas eles confiam em postos de meio-de-estrada e viajantes para apontá-los a direção de suas cidades caso se percam. Por isso, os celados, independente de quem estiver cavalgando, usam sobre o peito um escudo da cidade em que trabalham.

Uma pessoa que se afeiçoe a um celado o suficiente ou precise de uma montaria para sempre pode criar um vínculo permanente com ele. Para isso, o celado deve ser levado a um templo em dias específicos, e os dois juntos devem fazer, lado a lado (sem que o 'dono' o monte), uma pequena viagem ao longo da constelação nata do animal. Por fim, o celado é batizado com um nome dado pelo seu novo 'dono' numa pequena cerimônia folclórica. A partir daí, o celado o servirá sem relutar e lutará por ele se necessário; atravessará dificuldades e passará fome e frio sem abandoná-lo. Sabe-se que os celados têm profundo maravilhamento pelas coisas divinas. Os ritos dão trabalho, mas o celado se torna um companheiro para a vida toda.

Existe no sul de Cédara um ancestral vivo dos celados, o chamado celado cardeal ou Destrier cerulea, um quase-anfíbio de coloração mais escura e de cauda muito mais poderosa, adaptada para atingir grandes velocidades em lagos e pântanos, sua habitação natural. É possível que tenham vindo junto com os celados regulares. Às vezes, cedarianos aventureiros - principalmente cranequins em fase de testes - se põem a tentar domar esses animais, que são muito territoriais e agressivos. À medida que envelhecem, sua pele escurece e adquire um teor viscoso. Diz-se também que eles podem soprar saliva quente que, ao contato da pele desprotegida, provoca febre e um ardor terrível.

Híbridos de celados trachea e celados cardeais são chamados "bardotos", e crescem descontroladamente até seu rabo ser amputado, podendo atingir até três metros de comprimento com saúde. São rabugentos, mas utilíssimos como bestas de carga, e vivem quase sessenta anos apesar de serem completamente estéreis. Distinguem-se dos outros celados por vários fatores além do tamanho e da cauda amputada: têm a pele esbranquiçada e com manchas verdes, e a cabeça ornada por uma espécie de crista circular.

Existe ainda o chamado celado voador, o Destrier micrathene, que tem agilidade surpreendente nas encostas rochosas que habitam em Faris. Eles são menores e carnívoros, de coloração terrosa e ruins para montar. São, também, muito estúpidos, e andam em bandos liderados por alfas ainda mais ágeis. Sua cauda é apontada para baixo e tem a metade do comprimento da cauda dos outros. Eu imagino que eu não precise dizer isso, mas eles não voam de verdade, é só como os montanheses o chamam pelo fato de saltarem com agilidade entre fendas e pedras.

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