A terra.

A terra. Senti aquele sentimento de casa em Rublo. Eu posso ter entendido com a mente que Odenheim se partiu em dois pedaços, mas meu espírito ainda não aceitou a idéia. Eu fui para um país estranho ao mesmo tempo que voltei para minha casa, vi meu povo, vi os céus de Odenheim. Aportamos próximos ao estreito na costa oeste, onde eu estive muitas vezes ainda jovem andando com meu bando de amigos em celados. Setenta anos atrás, talvez? Era um tempo, sem dúvida, melhor. Muita coisa que deixou o mundo pior ainda não tinha acontecido, e eu posso dizer isso de cima de tantos anos de vida porque posso mesmo. As pessoas hoje estão vivendo cento e dez, cento e vinte anos em média. Eu pretendo viver para completar um século e meio, se possível, e espero que a humanidade me surpreenda mais uma vez. Que surjam heróis, que surjam líderes, que surjam iluminados e filosofias que nos façam entender, de uma vez por todas, que competir com outras raças não tem muito a ver com viver melhor.

Estamos indo, numa condução quase improvisada puxada por celados velhos mas dignos, para nossas novas casas às beiras das plantações. As pessoas estão cheias de esperanças, falam e cantam alto, talvez para afastar velhos fantasmas. Comigo, eu apenas penso no que pode ser útil para grafar num livro, de preferência um que seja impresso cópias suficientes para ficar pra sempre. Pra sempre. Porque pouco sobra de um homem a não ser o que ele lega.

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