Leitura: A História de Marquês Kachaturian

Kachaturian hoje pode estar próximo dos seus 80 anos, se estiver vivo. Não o vejo desde os dias do casamento de Ifalna e Dário. Faz bem em não dar as caras, porque acredito que Else tenha herdado a rinha que Dário Meredith tinha do marquês e de toda a sua espécie. Eram inimigos mortais na época do Conselho do Palácio Oceânico, enquanto Dário ainda era um aspirante a conspirador e Kachaturian ainda andava queimado do sol de Faris, de seu exílio.

O Marquês Cavaleiro está vivendo a época mais ferrenha da história de Odenheim. Viu, de seus próprios olhos e não ouvindo falar, levantarem-se e caírem quatro reis e imperadores; um deles, Kachaturian tombou com sua própria espada.

Particularmente o considero um símbolo de nobreza e heroísmo odenianos da velha guarda, enquanto todos pensam que todos os herdeiros da tradição dos Elmos Escarlates não prestam. Ele aceitou seu destino, apoiou Ifalna até onde pôde, aceitou seu exílio e voltou quando o povo mais precisava, não temendo o futuro quando invadiu em insurreição o Palácio Oceânico para destronar Soren, armado da sua fé e acompanhado de estrangeiros que estavam arriscando-se e morrendo ali por lealdade e amizade ao ex-Dragão.

Kachaturian ainda andou ao lado da Décima Quinta, pelejou até Ivoire para caçar o Investigador Real traidor Mikalis Musa e socou mais de uma vez a mesa em defesa da acuada e assustadiça Ifalna Palas. Suportou o rancor de Dário e teve a dignidade de aceitar todas as suas derrotas.

Por momentos, quando olho para o céu pouco antes do entardecer, quando uma cor vermelha toma um gole do horizonte, tenho certeza que seu espírito fulgurante está vivo em algum lugar, preparando um retorno triunfante antes que tenha que abandonar este mundo. Espero que sim. Quando olho para os rostos dos mais jovens militares, hoje com dezesseis, dezessete anos, vejo que, mais do que nunca, os velhos heróis são necessários para fazerem crescer os novos heróis à sua sombra.

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