Barlaam, o prisioneiro político

Esta é a primeira entrada nesta arca após minha desventura em Rublo. Fui delatado como um homem de má-fé e um espia; minha fuga foi barrada pela Escolta Patriótica e passei cinco luas como prisioneiro político. Minha ausência foi notada pela Metrópole e a Magna Ordem dos Investigadores Reais descobriu meu paradeiro por seus próprios meios. Fui liberto, junto com alguns longinianos e um meio-djin nortista, numa ação rápida e destrutiva dos Elmos Escarlates, sem diplomacia ou ameaças. Vieram como o vento baixo antes da chuva e tomaram a cidadela-prisão de Foliot num único assalto.

Escrevo de Tércia, num abrigo protegido dentro de um prédio militar. Meus aposentos são confortáveis e frios; todos os meus escritos anteriores foram trazidos de Nova Belgrade com algum cuidado. As cartas que recebi em ambos os meus endereços estão acumuladas há anos em dois baús perto do capacho da entrada. Iria lê-las, mas a caligrafia de Bia no primeiro envelope que vi trouxe à tona memórias dolorosas e desisti de minha intenção.

Chove incessantemente do lado de fora. Ainda não vi o que aconteceu à capital nos anos de minha ausência. Discordo da posição do Império em que minha integridade está ameaçada. Nesta altura da história, nada do que acontece lá pode ser entendido por um segredo. De uma prisão à outra, pouco mudou, mas ao menos agora tenho como conseguir informações dos soldados. Tenho uma audiência marcada com Aeolus daqui a dois dias para reportar minhas atividades.

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