Artigo: A Civilização Cahuilla
Entre uma etnia huma e uma conjuração, os cahuilla vivem nas friorentas ilhas de Agustine e Ramona, do oceano Infra. De pele avermelhada, feições sinceras e cabelos muito longos de cor negra ou cinzenta, são tementes a Maeve na forma de uma cahuilla terna de cabelos negros e manto que formam todos os mundos e se desfazem em efêmera. Existem em número de poucas centenas e são resguardados como uma espécie de pequena nação independente apesar de estarem em território oficialmente cedariano.
Sua organização social é tribal, mas têm fortes ascendentes culturais e uma mitologia riquíssima que inclui quase tudo de Natal. Existem sacerdotes entre eles, seguidores dos altíssimos que olham por suas ilhas: Sungrey e Muut. São atiradores incríveis e dominam plenamente o uso da pólvora; mandam barcos com os produtos raros de sua terra em troca de armas de fogo cedarianas, que usam para defender suas ilhas de piratas farisienses e de conjurações agressivas.
Os cahuilla, como um povo, têm grande afinidade com uma espécie de conjuração nativa de Agustine chamada 'pushani', pássaros que variam de cor branca até castanha, passando por um cinzenta malhado. Os pushani são, segundo os cahuilla, representantes de Muut no mundo físico; têm olhos grandes e sábios, cabeça redonda, corpo grande e achatado, e bicos curtos, afiados e virados para baixo. Os pushani são para os cahuilla o que os felpi são para os odenianos; segundo eles, os pushani os guiam depois de mortos para o encontro derradeiro com Maeve.
Tratando de personalidade, para alguém que venha do continente, o cahuilla sempre parecerá distante, sonhador. Os cahuilla sempre procuram respostas filosóficas para as coisas e tendem a pensar devagar. Uns poucos vão com os navios que levam as coisas de sua terra para Cédara e não voltam mais, abandonando o seio de suas famílias para viver do lado de fora uma existência real. Tendem ao altruísmo e à honra, que são as virtudes ensinadas por seu deus da morte Muut. Muitos vieram em auxílio dos farisienses que caíram assim que souberam que haviam tantos necessitados em terras do norte.
Assim como boa parte dos farisienses, os cahuilla não se impressionam com tecnologia e sempre acham maneiras de fazer as mesmas coisas de maneira mais natural. Não são amantes da natureza como um povo, mas nutrem profundo respeito por tudo que é vivo. Sua mitologia volta em tempos imemoriais e se confunde em vários aspectos: nem eles sabem dizer há quanto tempo vivem naquele lugar. Não dominam ciências náuticas mas sempre estão curiosos para aprendê-las; muito poucos sabem nadar, escalar ou lutar com proficiência. O domínio deles se restringe a tiros perfeitos com armas de fogo e, se elas não estiverem disponíveis, a arremessos de objetos, lanças, pedras, o que estiver a mão.
A filosofia dos cahuilla está centrada no fim da existência terrena. Eles acreditam que precisam de discernimento e iluminação para que possam encontrar os caminhos certos em outros mundos, e passam a vida adestrando seus espíritos. Muitos deles acabam por dominar plenamente ciências naturais e meditação; são completamente alheios à geomancias e feitiços. Muitos não vêem diferença entre um e outro.
Os cahuilla falam quase sempre empregando metáforas difíceis e arcanas. Adoram aprender novas palavras e seus significados, principalmente palavras em titani. Tendem a pensar em qualquer conjuração como caça afora seus adorados pushani, e acham que os felpi parecem monstros. São fascinados por pesadelos e seus significados ocultos, e vivem encontrando presságios em acontecimentos suspeitos do dia-a-dia. Conviver com um cahuilla é mergulhar em uma existência mística sem volta.
O povo cahuilla tem uma amizade inocente e forte pelos cedarianos, e tende a pensar neles como verdadeiros suportes neste mundo. Eles já desistiram de educá-los nas verdades segundo Muut e na verdadeira natureza de Maeve, apesar de sempre haverem tentativas. Existe, sobretudo, um respeito mútuo forte entre os dois povos. Se Cédara viesse a entrar em guerra contra forasteiros desconhecidos, os cahuilla os apoiariam incondicionalmente e seriam os melhores dentre os atiradores em suas fileiras.
As funções sociais dos cahuilla são poucas e bem-definidas. Vivem numa sociedade onde o mérito é recompensado com hierarquia, e não há nenhuma virtude em ser descendente de um herói a não ser que o descendente tenha alguma fração de seu poder e sabedoria. Os sacerdotes formam a casta comandante numa espécie de teocracia que migra de lugar em lugar usando os recursos da áreas que passam. Os que seguem Muut são conselheiros espirituais, parteiros e pais para todos, em oposição a estruturas fixas de família. Os que seguem Sungrey estudam as artes das curas e a natureza. Seguindo os sacerdotes, vêm os atiradores, detentores de armas cedarianas e mortíferos para as conjurações que cruzem seu caminho. As mulheres são mais respeitadas do que os homens por viverem mais, e suas vidas são guardadas com zelo, apesar de com freqüência a maior parte das atiradoras serem mulheres. Os outros erguem barracas, escavam armadilhas e trabalham com as plantas que houverem no local. Organizam-se em estruturas de vinte a trinta pessoas, nunca passando muito disso. A civilização vem caindo em número a medida que cada vez mais cahuilla abandonam suas terras para aventurar-se do lado de fora e acabam não deixando descendentes.
Existe uma espécie de ritual de união entre os cahuilla que é quase um casamento entre um homem e uma mulher. Dentre seus costumes, o linweha é permitir que as luas encontrem o casal desnudo em locais sagrados da tradição, e a união é permanente. Antecedem este ritual anos de provação: o homem deve saber que a mulher o ama verdadeiramente e vice-versa, muitas vezes por meio da imposição de testes cruéis. Eles são psicologicamente incapazes de atrair-se pelo sexo oposto sem esta preparação toda, por isso sendo complicada ou impossível a reprodução com outras raças.
Outro ritual da tradição é o takic onde uma vestimenta (na maioria das vezes mantos de frio confeccionados de couro) é sacramentada em seu dono e se torna parte espiritual dele. Vestimentas simples e sem enfeites (normalmente tiras coloridas, penas) indicam um cahuilla humilde, ou sem orgulho. Vestes negras tingidas com extratos de árvores setentrionais são as de cahuillas criminosos e exilados do convívio com os outros. Só por meio de uma virtude filosófica muito grande a memória de um exilado pode ser limpa, e normalmente isso só acontece após sua morte ou se ele for inocentado do que fez de alguma maneira. Na maioria das vezes, uma suspeita é suficiente para um cahuilla acusar. Eles não têm rodeios quando assuntos de honra estão em jogo.
Como muitas outras coisas, os cedarianos ocultaram por séculos a existência dos cahuilla, mas eles (apesar de tentarem) não podem evitar que eles ganhem o continente e se mostrem ao mundo. Nenhum mentirá sobre o lugar de onde veio de bom-grado, pois têm orgulho de serem o que são no mundo.
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