Artigo: Navidorsos

O navidorso, 'Navis nereus', é um grande mamífero aquático, de vida extraordinariamente longa e uma couraça óssea poderosa recobrindo toda a parte superior de seu corpo. Em sua fase adulta, o navidorso pode atingir o tamanho de um barco pequeno. Eles habitam as profundezas do Oceano Alvo e as proximidades do Oceano Boreal e são quase invulneráveis em vida, não tendo nenhum predador natural. Em contrapartida, sua reprodução é lenta e difícil, e eles já beiraram a extinção várias vezes sem que houvesse sequer interferência huma.

A maior parte dos navidorsos não se importa se alguém agarrar em suas reentrâncias ósseas para viajar junto com ele, desde que esta pessoa tenha uma maneira de respirar embaixo d'água e aguentar a pressão do fundo do Boreal. Se o navidorso percebe que algum dos passageiros está se saindo mal, ele o leva (meio irritado) à superfície e tenta o fazer se soltar ali. Contam-se histórias de navidorsos que salvaram crianças nadando na superfície, mas provavelmente tratam-se de lendas. Parece-me que todos eles entendem titani.

Há quem veja lucro em caçar navidorsos. A única maneira de fazê-lo é rebocar a grande besta para um lugar seco. A carapaça óssea faz elmos e armaduras magníficas e relativamente leves, de aspecto extremamente maligno. A maioria das pessoas considera cruel ceifar a vida de um ser de vida tão longa e daquele tamanho; de fato, a visão de um navidorso morrendo arrastado para uma praia é difícil de suportar. Não há relatos desta atividade desde o quarto século da Fundação, quando várias couraças de navidorso foram postas em circulação.

O ciclo de vida de todos os navidorsos de Natal termina nas proximidades da ilha Blue Eye, ao norte de Faris, sob a estrela de Eochaid, regente sobre a eletricidade. Algo na água, uma estática elétrica segundo escolásticos, os faz procurar aquele lugar para morrer. As ossadas e couraças de centenas de navidorsos mortos formaram um labirinto amplo e macabro no fundo do Boreal. Não existe, até hoje, um templo de Eochaid - conta-se que, para invocá-lo à submissão, é necessário que recupere-se um fragmento precioso de si próprio que foi parar no fundo do oceano, o Coração de Eochaid. Justamente sob o labirinto de ossadas, infelizmente.

Claro que é assim. Imagina, se o Coração de Eochaid estivesse simplesmente no fundo do oceano, alguém já teria o encontrado, e já haveria um templo radiante em Blue Eye. Absurdo.

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