A partida.

Procurei por dias pelos portos ao longo do Barum e não descobri o navio prometido. Durante minha expedição, juntei-me a uma pequena caravana que tinha a mesma finalidade que eu. Todos estranharam que um senhor bem-vestido como eu estivesse abandonando tudo que tinha para ir trabalhar no campo. Olharam-me com um certo desprezo, como se eu estivesse querendo pegar também uma única parte da suposta melhor chance que eles teriam na vida.

Os sentimentos de desgosto para com minha pessoa duraram até que enfiei as mãos no bolso e paguei a vários vigias de posto para que nos avisassem urgentemente se vissem o navio passando. Rapidamente o localizamos, na verdade muito atrasado com relação ao que estava escrito na carta.

O S. S. Vindouro estava apinhado de gente. Alguns festejavam enquanto outros já choravam, despedindo-se da terra onde tentaram, e não conseguiram viver. Vi filhos se separando de pais, homens partindo para nunca mais verem suas amadas, crianças embarcando sozinhas e dervixes abandonando as armas e a obrigação para juntarem-se à expedição. Se houvesse algum governo organizado em Faris agora, isto seria motivo para guerra e retaliação. Na verdade, ainda acredito que este quase-sequestro em massa vá ter repercurssões em Glenária e Belgrade, repercussões ruins para Rublo.

Como um estudioso, eu estava interessado no sentimento das pessoas. Como um estudioso, minha responsabilidade era estar envolto naquele momento como qualquer um e possibilitar a qualquer um que viesse a ler meus escritos, sentir, ver, escutar o que está acontecendo agora.

O navio parte, rapidamente abandonando as fronteiras farisienses, e logo estamos em terras cedarianas, sempre navegando a sul.

As amplas margens do rio não permitem a eles enxergarem o que há atrás do horizonte.

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